(comissioned by Lisboa 20 Arte Contemporânea for the project with the same name)
O que é que um nome esconde? Uma filiação, um contexto específico, uma idiossincracia auto legitimada? Tudo isto e provavelmente mais. Um nome age como marcador (um identificador, se preferirmos) que diferencia o individual do colectivo, o pessoal do comum. O nome delimita uma personalidade e, consequentemente, uma subjectividade. No caso de o nome referir um autor, a questão torna-se mais complexa. A marca autoral dá continuidade, e coerência, a uma prática, torna-a apreensível e explicável à luz da tal subjectividade que já mencionámos. Mas funciona também como garante de relevância cultural, e através da comodificação dessa mesma relevância, de valor económico. Um nome vale dinheiro.
O título deste projecto é auto explicativo; ele é, simplesmente, o que o título indica: o galerista deseja que o artista mantenha o anonimato. O mecanismo de comodificação da ficção autoral, de que a figura do galerista depende para sobreviver, é aqui aniquilada num jogo irónico e a prática comercial automaticamente posta em causa. Quem irá adquirir para a sua colecção privada (ou institucional) algo sobre cujo autor não se sabe absolutamente nada, identidade incluída? Como é que se prescreve a atribuição de um preço, quando o artista (o autor) não sendo anónimo (porque não o é) também não é revelado? E como, fazendo o percurso inverso, se poderá aferir da relevância cultural, que neste caso poderá, ou não prescrever o valor económico, se a continuidade autoral é absolutamente desconhecida?
Se o autor é uma ficção, o que serão estes projectos?
O galerista será o único que saberá responder...
O que é que um nome esconde? Uma filiação, um contexto específico, uma idiossincracia auto legitimada? Tudo isto e provavelmente mais. Um nome age como marcador (um identificador, se preferirmos) que diferencia o individual do colectivo, o pessoal do comum. O nome delimita uma personalidade e, consequentemente, uma subjectividade. No caso de o nome referir um autor, a questão torna-se mais complexa. A marca autoral dá continuidade, e coerência, a uma prática, torna-a apreensível e explicável à luz da tal subjectividade que já mencionámos. Mas funciona também como garante de relevância cultural, e através da comodificação dessa mesma relevância, de valor económico. Um nome vale dinheiro.
O título deste projecto é auto explicativo; ele é, simplesmente, o que o título indica: o galerista deseja que o artista mantenha o anonimato. O mecanismo de comodificação da ficção autoral, de que a figura do galerista depende para sobreviver, é aqui aniquilada num jogo irónico e a prática comercial automaticamente posta em causa. Quem irá adquirir para a sua colecção privada (ou institucional) algo sobre cujo autor não se sabe absolutamente nada, identidade incluída? Como é que se prescreve a atribuição de um preço, quando o artista (o autor) não sendo anónimo (porque não o é) também não é revelado? E como, fazendo o percurso inverso, se poderá aferir da relevância cultural, que neste caso poderá, ou não prescrever o valor económico, se a continuidade autoral é absolutamente desconhecida?
Se o autor é uma ficção, o que serão estes projectos?
O galerista será o único que saberá responder...